Lamento dos Cativos



Desd'o berço respirando 
Os ares da escravidão, 
Como semente lançada 
Em terra de maldição, 
A vida passo chorando 
Minha triste condição.  
Os meus braços estão presos,  
A ninguém posso abraçar, 
Nem meus lábios, nem meus olhos 
Não podem de amor falar; 
Deu-me Deus um coração 
Somente para penar.  
Ao ar livre das campinas 
Seu perfume exala a flor; 
Canta a aura em liberdade 
Do bosque o alado cantor; 
Só para a pobre cativa 
Não há canções, nem amor.  
Cala-te, pobre cativa; 
Teus queixumes crimes são; 
E uma afronta esse canto, 
Que exprime tua aflição. 
A vida não te pertence, 
Não é teu teu coração.

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